No coração de um bairro recheado de histórias, encontra-se Patrícia, uma habitante de 33 anos de idade que nunca conheceu outra casa. Desde a sua infância, as ruas abertas tornaram-se uma extensão do seu quintal, onde as brincadeiras de apanhada e às escondidas preenchiam os seus dias com risos e camaradagem. "Sou Patrícia, tenho 33 anos, já moro aqui há 33 anos," apresenta-se com um sorriso nostálgico.

Porém, a solidez dessas memórias não foi suficiente para obscurecer os desafios enfrentados pela comunidade ao longo dos anos. A luta pela legalização dos terrenos permanece uma realidade inegável, levantando questões sobre o futuro daquelas famílias. Quando questionada sobre os seus sonhos para o bairro, Patrícia não hesita: "Legalização."

Apesar dos desafios enfrentados, surgem pontos de esperança. A abertura da associação no bairro marca uma mudança positiva na comunidade, servindo como um espaço seguro para as crianças e ponto de encontro para os moradores. Patrícia reconhece a importância deste espaço, mencionando orgulhosamente que "Os meus filhos é que participam lá na associação."

No clímax da entrevista, é evidente que, embora atualmente Patrícia se veja apenas como uma moradora, é através dos seus filhos que ela planta as sementes de mudança e educação para o futuro. "Na educação das crianças," responde ao indagar como gostaria de contribuir, vislumbrando um papel ativo embora indireto, através da nova geração.

A entrevista conclui-se com um sentimento de esperança reservado, onde o desejo de Patrícia pela legalização do bairro e o envolvimento proativo na educação das crianças convergem numa visão de longo prazo. É um lembrete poderoso do impacto das pequenas ações diárias na construção de um futuro mais promissor para a comunidade.